quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Professora...

Fostes tu que me ensinaste as primeiras letras, os números e a juntar pedacinhos.
Juntando pedacinhos, montei um mundo novo, com as cores que eu mais gostava, com sabor de quero mais.
Fostes tu que ficou a maior parte do dia comigo, que sorriu ao receber o papel rabiscado tentando expressar todo meu amor por ti.
Fostes tu querida professora, que percebeu que eu não estava bem, mesmo com mais 30 alunos gritando e correndo em volta de ti.
Fostes tu que me segurou pela mão e disse que não me abandonaria, que estaria sempre ali...alguém em quem eu podia confiar.
Fostes tu que até o último dia me ensinou a dividir, e então, dei pra ti, para sempre meu coração.

Memórias...como aluna, como professora.
Todos somos trabalhadores. Todos cansamos ao final do dia do trabalho. Todos obedecemos ordens. Todos temos o estresse da rotina diária do ir, cumprir tarefas, metas, horários, voltar...
Mas eu, professora não sou trabalhadora. Não me estresso. Não me canso. Não recebo salários conforme as metas alcançadas. Não! Eu não!
Eu recebo sorrisos, flores e abraços. A confusão na hora da chamada: viro mãe, pai, vó, tia...
Eu recebo as lágrimas das crianças feridas no seu "lar" e mesmo assim, tento ensinar que bater não é a solução.
Eu recebo os gritos daquele que só quer ser visto/ouvido, em algum lugar, qualquer lugar, pelo menos uma vez na vida.
Eu recebo a mão trêmula, o silêncio da palavra, daquele que sofre tanto e que não é capaz de olhar nos olhos, de se considerar alguém.
Eu recebo pilhas e pilhas de trabalhos, letras confusas pra corrigir enquanto tu estás festejando com os amigos.
Eu sofro pensando se aquela criança vai estar amanhã na aula, se vai sobreviver aos ataques das ruas ou se vou encontrá-la catando latinhas.
Ser professora não são apenas as 4 horas que passo com cada um dos meus alunos...da minha centena de alunos.
Ser professora e viver essa palavra nas 24 horas do dia. É ter na mente e no coração a vontade mais verdadeira e real de fazer a diferença naqueles mundos tão diversos, tristes e devastadores com os quais me deparo a cada dia.
Ser professora, não é a minha profissão...É minha filosofia de vida...é a minha vida.




Minha admiração pelo professores, pelos educadores que tive a honra de ter na minha caminhada não pode ser explicada, nem transmitida em palavras...apenas na minha ação. Por isso escolhi ser mais do que professora, ser uma educadora. Obrigada!

domingo, 5 de setembro de 2010

Orkut e a vida

Olhar o Orkut desperta sentimentos estranhos. Coisas que acontecem, que aconteceram. Que fizeram sentido e hoje não mais. Que fazem amar, odiar ou, simplesmente, soam tão estranhas como uma língua estrangeira aos nossos ouvidos.
Por ali se vê a vida passar. E ela passa ligeiramente, como passos de um tigre que ataca sua presa. A velocidade da vida é voraz.
Casais que se formam, ou separam. Amigos que se conhecem e que de repente, a distância faz não reconhecer. Meninas tornando-se mulheres. Mulheres tornando-se mães. Alunos virando amigos, confidentes numa terapia on-line.
Aqui reencontro amizades valiosas e percebo que outras não têm nenhum valor. Tenho notícias daqueles que me são tão especiais mas com as quais não posso compartilhar sorrisos, lágrimas, esperança ou dor.
Oh Orkut! Quantos orkutcídios já cometi, na estranha esperança de que sua morte fosse acalmar meus sentimentos. Triste sonho. Pra ti então retornei tantas outras vezes. Se és bom ou ruim, ainda não sei. Mas, no dia em que não me acometeres suspiros, alegrias e quem sabe até aquela nostalgia, eu te abandono sem dor.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Digo

Faz tempo que não escrevo. Tempos em que a melodia da poesia não toma conta do meu ser e se esvai pelas minhas mãos surgindo aqui nesta tela.
Sei, e sempre soube para falar honestamente, que assim como os grandes poetas do romantismo sou movida a sofrimento e emoções intensas. A vida não anda intensa.
Pra tudo que me perguntares vou responder com um "tudo bem" prá lá de sem graça.
Porém, nos últimos dias, alguns acontecimentos me levaram a repensar minha ausência, que ironicamente - ou seja lá do que posso chamar - foi sentida.
Pois bem aqui estou. Mas, sobre o que falar?
Digo que meus olhos se umideceram ao ler palavras tão carinhosas de um menino que tão pouco viveu mas que já sabe a diferença que o amor faz em nossas vidas.
Digo, que mesmo sem palavras ditas, a presença é sentida, apenas não revelada.
Digo, que família é uma palavra que ainda não vai sumir do dicionário, nem virar palavra rara em círculos de conversas, pois ainda existem na sua mais real e bela essência: amizade, carinho, afeto, consideração, respeito e dignidade.
Digo, que amigos não precisam estar 24h ao seu lado, nem te ligar a cada minuto. Amigo é aquele que simplesmente lembra de ti, e te olha sem inveja, sem falsas palavras e te ajuda a crescer.
Digo, que mesmo na ausência de tudo, há tudo a sua volta, basta você sentir! Abra os olhos, o coração e se permita!