Há quatro anos atrás, nessa época, meu avô estava internado no Hospital. Era a segunda vez no ano, que ele precisava ficar lá.
Na primeira vez, nas duas semanas em que ele ficou hospitalizado, umas delas acompanhei ele. Saia da escola, passava no clube onde nadava, pra relaxar a mente e o corpo e ia para o hospital. Acompanhar meu avô durante aqueles dias, foi uma superação para mim. Logo eu que, até para visitar uma amiga que havia dado à luz, havia desmaiado no hospital.
Aquele ambiente, sombrio, me causava arrepios. Afinal, por que hospital tem que ser um lugar tão mórbito? Uma construção antiga, pé direito extremamente alto. Tudo escuro. O elevador, me dava medo. "Quantas pessoas ali passaram, vivas e mortas?"
Bem, para mim, o medo foi vencido pelo maior sentimento que existe: o amor. Meu avô foi meu pai. Foi aquele que me acompanhou à praia nas férias enquanto a mãe trabalhava, quem comprava picolé, quem me levava sempre para ver os filmes. Foi com ele que aprendi a amar cinema (Que saudades dos tempos dos cinemas na Rua da Praia). Foi com ele que aprendi a amar futebol. Sempre ligado no radinho de pilha. Escutava jogos que, acredito, deveriam ser da Série A, B, C, D, E..e quantas mais houvessem. Com ele entrei na primeira vez em um estádio de futebol. Era um grenal...mas não vamos comentar o resultado. Lembro que eu gritava: "Juíz ladrão!!". Uma pirralha de uns 6/7 anos de idade. Meu avô, muito calmo, sempre mandava parar, afinal, estávamos em campo inimigo.
Lembro a única e rara vez, em que ele "perdeu" a calma comigo. Eu, pulando em cima da cama, quebrei-a. Ele, me deu uma chinelada. A chinelada mais amada que já recebi. Eu amava meu avô. E dentre as pessoas que para mim, eram Super-Homens, ele era o mais forte, o mais poderoso e imortal.
Mas, havia chegado o momento, de retribuir a ele, todo o afeto, a atenção que a mim, a única neta por 8 anos, foi dado. Eu jamais abandonaria ele. E mesmo da segunda vez, quando não havia se quer um espaço para me acomodar, eu fiquei ao seu lado. Em pé eu rezava, e ao mesmo tempo...reprovava a ação divina, que não me dava ouvidos.
Quando meu avô faleceu...enquanto meu mundo desmoronava...meus alunos me levantaram. Jamais poderia deixar de lembrar daquela turma de 3º Série que acomponhou comigo a tristeza da perda.
Hoje, tanto tempo depois dele ter ido, ainda sinto a sua presença. Ele está comigo, nos meus sonhos, nos meus pensamentos, ou na simples imagem daqueles velhinhos, gordinhos, de chapéuzinho na cabeça e óculos no rosto.
Sinto saudades...mas sei que você está bem, aproveitando essa "viagem"... e sempre, cuidando de nós. Eu te amo!
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